Por Alistair Bell
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Um novo vírus já matou até 149 pessoas no México, e a Organização Mundial da Saúde se aproximou na segunda-feira de declarar a primeira pandemia de gripe em mais de 40 anos, após casos nos Estados Unidos e na Europa.
A OMS elevou o seu nível de alerta contra a gripe suína para a fase 4, indicando um risco ampliado de pandemia (epidemia global). A última pandemia, da chamada "gripe de Hong Kong", em 1968, matou cerca de 1 milhão de pessoas.
Embora até agora só tenha havido mortes no México, há mais de 40 casos confirmados nos Estados Unidos, sendo 20 numa escola de Nova York.
Na Cidade do México, fiéis fizeram uma procissão carregando uma multicentenária imagem de Jesus que supostamente protege contra doenças. É a primeira vez em mais de cem anos que a imagem sai às ruas.
O consumo de carne de porco e derivados não transmite a gripe suína, mas mesmo assim vários países proibiram a importação de carne de porco dos EUA.
Ações de empresas como companhias aéreas também foram afetadas, refletindo a preocupação dos investidores com o impacto sobre o setor de viagens.
A Espanha se tornou o primeiro país da Europa a confirmar um caso de gripe suína, em um homem que voltou na semana passada do México. Seu estado, no entanto, não é grave, assim como dos pacientes nos EUA e dos seis no Canadá. Autoridades disseram que ao todo a Espanha tinha 26 casos suspeitos sob observação.
Um professor neozelandês e cerca de 12 alunos que recentemente estiveram no México também estão sendo tratados sob a suspeita de casos leves da nova doença.
Na Grã-Bretanha, os dois primeiros casos confirmados são de duas pessoas na Escócia, mantidas sob isolamento nos arredores de Glasgow. Também há casos suspeitos na França, Noruega, Alemanha, Suécia e Israel.
Autoridades do Texas confirmaram o terceiro caso no Estado, em uma escola perto da fronteira com o México. A Califórnia já tem 11 casos confirmados.
O Departamento de Estado dos EUA e a União Europeia pediram aos seus cidadãos que evitem viagens não-essenciais ao México e a outras áreas afetadas pela gripe suína.
MÉXICO PARADO
O turismo é a terceira principal fonte de divisas do México, destino de milhões de turistas norte-americanos por ano.
O ministro mexicano da Saúde, José Angel Córdova, afirmou que já há 149 mortes atribuídas à doença, e que o número pode subir.
Cerca de 33 milhões de escolares mexicanos ficarão sem aulas em todo o país até a metade da semana que vem. A capital já tinha fechado as escolas, medida que agora vale em todo o país até 6 de maio.
A maioria dos mortos tinha entre 20 e 50 anos, um mau sinal, já que pandemias anteriores também tinham como principais vítimas jovens adultos saudáveis.
Estima-se que 250-500 mil pessoas morram todos os anos no mundo por causa de gripes sazonais (comuns). Os especialistas temem que uma pandemia faça milhões de vítimas. Aparentemente, a doença é transmitida rapidamente entre humanos, e não há vacina.
Os preços do petróleo caíram mais de 2 por cento e se aproximaram dos 50 dólares por barril, refletindo a preocupação dos investidores de que a epidemia signifique um novo golpe para a economia mundial, caso haja restrições comerciais e a indústria seja afetada.
O índice mercantil global MSCI caiu 0,8 por cento, e as Bolsas dos EUA também registraram baixa. As ações da UAL, controladora da United Airlines, tiveram queda de 14 por cento; as da Continental Airlines perderam 16 por cento.
Outros papéis ligados aos setores de viagens e lazer, como das companhias aéreas Cathay Pacific (Hong Kong) e British Airways, também registraram perdas. Já as ações de laboratórios farmacêuticos, como a Roche, subiram.
(Reportagem adicional de Jonathan Lynn e Stephanie Nebehay em Genebra, Maggie Fox, Emily Kaiser e Lesley Wroughton em Washington, Helen Popper e Miguel Gutierrez na Cidade do México)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
deixe seu comentário, duvidas ou sugestões aqui